QUANDO A ARTE E A INFÂNCIA CHAMAM PRA DANÇAR A CIÊNCIA: INVENÇÕES, AFETAÇÕES E EQUILIBRISMOS
Resumo
Numa perspectiva freiriana de que a leitura da palavra é tributária da leitura de mundo, ou das leituras de mundos possíveis, os olhares sobre a vida fundam também modos de conhecer. A produtividade constituída por um modo capitalístico de operar, conhecer e se relacionar atravessa as mais diversas esferas da vida, priorizando metas e resultados em detrimento dos processos e do sentido. Ao pensar a educação, desde a primeira infância, as metas geralmente determinam como e o que se deve conhecer, fazer, ser. O que busca escapar desses padrões é considerado erro – desviando das Grandes Narrativas em sua ciência maior. Dessa maneira, este trabalho busca investigar como a infância e a arte contribuem para interpelar o funcionalismo moderno, a ciência maior, o tempo produtivo e a postulação de verdades estabelecidas. A partir de relatos, recortes fotográficos, poesias e diálogos teóricos, esses escritos ensaísticos propõem interrogar: como o paradigma do erro-acerto institui infâncias e mundos? Como o funcionalismo moderno se cruza com as processualidades da infância? E como a infância e a arte trabalham nas fissuras abertas, desconcertando o que se quer certo e conformado, atuando como antiferramentas? Entende-se, aqui, que o espanto, a invenção, e as perdas de tempo que a arte e a infância carregam consigo traem a funcionalidade das metas, abrem-se à errância e a uma outra política da educação.
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PDFReferências
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DOI: https://doi.org/10.34112/1980-9026a2021n45p210-221
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Linha Mestra - Associação de Leitura do Brasil (ALB)
e-ISSN: 1980-9026
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