LEITURAS PROIBIDAS EM PORTO ALEGRE (1943): A POLÊMICA ENVOLVENDO O LIVRO O RESTO É SILÊNCIO, DE ERICO VERÍSSIMO
Resumo
Trata da polêmica entre Erico Veríssimo, escritor gaúcho, e Leonardo Fritzen, padre jesuíta redator da revista Echo do Ginásio Anchieta, por conta dos temas abordados no livro O resto é silêncio, cuja primeira edição é de 1943 e é de autoria do primeiro. Objetiva discutir leituras consideradas perigosas e proibidas em função de temáticas apresentadas no objeto livro. Assume a pesquisa histórica de caráter documental no âmbito do campo da Leitura como método para operacionalizar o estudo. Elege a Hemeroteca Digital Brasileira da Fundação Biblioteca Nacional como fonte para a coleta dos dados, apresentados por meio de notícias publicadas em periódicos no ano de 1943. Sustenta o debate no arcabouço teórico-metodológico da História Cultural a partir de pesquisadores tais como Robert Darnton e Roger Chartier. Considera que as disputas entre o escritor e o sacerdote decorrem das questões relacionadas às práticas e apropriação da leitura, as quais, no que tange ao livro O resto é silêncio, podem influenciar os leitores e corrompê-los. Conclui que o medo quanto aos livros e seus efeitos são evidenciados em conteúdos considerados sensíveis para um ator social, em função de sua visão de mundo ou interesses, e que isto acarreta em tentativas de censura ou controle.
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PDFReferências
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DOI: https://doi.org/10.34112/1980-9026a2022n46p100-111
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Linha Mestra - Associação de Leitura do Brasil (ALB)
e-ISSN: 1980-9026
DOI: https://doi.org/10.34112/1980-9026