FRICÇÕES, FISSURAS OU TRANSBORDAMENTO DE LINGUAGEM NAS ARTES?

Thaís Gonçalves

Resumo


O que resta de uma linguagem artística quando os verbos de ação parecem sinalizar o desejo de não definir contornos para a produção em artes? Desconstruir, borrar fronteiras, subverter e esgarçar as lógicas, os conceitos, os corpos e a própria arte são palavras presentes no universo contemporâneo da produção artística em seus diferentes modos de expressão. Há autores de outras áreas, alheias às artes, como o espanhol Jorge Larrosa e o alemão Hans Ulrich Gumbrecht, cujas áreas de atuação são, respectivamente, educação e literatura, que enunciam, em contextos diferentes, um desejo de operar fora da linguagem. Os artistas plásticos brasileiros Lygia Clark e Hélio Oiticica desafiam, desde os anos 1960, as artes em sua linguagem ao proporem uma arte sem mediação. Seria uma arte fora da linguagem? Neste texto desejo me movimentar nessa questão para pensar o que faz variar e compor a linguagem quando sua natureza é a artística.

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DOI: https://doi.org/10.34112/1980-9026a2019n39p58-68

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