A vida psíquica dos bebês: apego a contextos e sujeições de gênero

Resumo

Oferece-se aqui bases conceituais úteis dos Estudos de Gênero aos Estudos de Bebês, uma vez que as categorias de gênero e geração confluem na discussão sujeito/agência. Para isto, propõe-se um diálogo com Holt (2013; 2018) a partir de releituras da teoria da sujeição de Butler (2006; 2017). Os argumentos centrais são: a) bebês não tem gênero, mas a categoria gênero contribui na compreensão de sua intersubjetividade; b) a vulnerabilidade dos bebês oferece apegos emocionais a objetos e sujeitos; c) a sensibilidade dos bebês pode ser descrita topograficamente por coleções de sensações em associações descontínuas e sujeitas a interpretações limitadas; d) se a vida se constitui a partir de dependências, então o cuidado e a ética na educação infantil se fundamenta na dependência da potência do bebê às condições materiais e semióticas presentes em seu entorno; e) finalmente, a agência do bebê e de sua potência de gênero encontra seu limite em sua sujeição emocional, ao mesmo tempo que mantém a distância entre o rosto e sua rostificação.